Símbolo de desenvolvimento em períodos decisivos da História, o transporte sobre trilhos evoluiu tecnologicamente e permanece como solução para cargas e passageiros em praticamente todos os países do mundo.

No Brasil, a expansão das ferrovias começa no Segundo Império, com o Barão de Mauá, e atinge seu ápice no começo do século passado, quando a engenharia brasileira deu mostras de grande competência tecnológica em projetos do setor.

Nossa malha ferroviária, porém, de 1960 a 1980 foi reduzida de cerca de 40.000 Km para 30.000 Km, permanecendo estagnada neste patamar até o ano de 2020, resultado da falta de capacidade de investimento do país e da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A). Este cenário precipitou, a partir de 1996, a opção pelas concessões à iniciativa privada.

Com a segurança jurídica proporcionada pelo novo marco legal das ferrovias (2021), que trouxe a possibilidade de outorga para o setor, investimentos em linhas férreas estão sendo anunciados e empenhados, em um movimento que anima o mercado. Somente em 2023, houve 15 novas autorizações para exploração de serviços de transporte ferroviário.

Ainda no ano passado, o governo federal, por meio do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), anunciou que reservaria R$ 6 bilhões em recursos públicos para projetos em ferrovias até 2026. Conforme o planejamento, outros R$ 88,2 bilhões virão da iniciativa privada, totalizando quase R$ 100 bilhões de investimentos em pouco mais de dois anos. Os números são reflexo de uma
retomada de grandes projetos, investimentos e obras em ferrovias.

Entre os projetos que demandam recursos públicos estão a Fiol, Ferrovia de Integração Oeste Leste, que recebeu no ano passado R$ 1,5 bilhão em investimentos. O projeto vai suprir parte importante do escoamento da produção agrícola, ligando Ilhéus, na Bahia, a Figueirópolis, no Tocantins. A conclusão está prevista para 2027.

Mais uma iniciativa de peso, a Transnordestina teve seu projeto revisto para ser finalizada também até 2027. Quando concluída, a ferrovia percorrerá mais de mil quilômetros nos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco. A obra está sendo tocada a partir de uma parceria do governo federal com a empresa CSN,
Companhia Siderúrgica Nacional. Ela será estratégica para o transporte não apenas de minérios, mas também de grãos, combustíveis e fertilizantes, seguindo o conceito de multifuncionalidade das modernas ferrovias. Outra boa notícia em termos de investimentos foi a renovação da concessão da empresa
Rumo para a chamada Malha Paulista, anunciada em 2023. Serão R$ 6 bilhões de investimentos em obras, trilhos, vagões e locomotivas ao longo da Concessão.

Este ano, o governo concluiu com sucesso o leilão do Trem Intercidades, entre São Paulo e Campinas. A concessão é uma PPP e o valor do investimento está avaliado em R$ 13,5 bilhões, com até sete anos para a conclusão das obras.

No ambiente urbano, é preciso destacar projetos como a extensão da Linha 13 da CPTM em São Paulo. Trata-se do ramal em que circula o Serviço Expresso que leva os usuários até o aeroporto de Guarulhos. A solução encontrada para que o serviço finalmente chegue aos terminais do aeroporto é a implantação de um monotrilho, que deverá começar a operar ainda em 2024.

Outro importante empreendimento anunciado pelo Governo do estado de São Paulo é a concessão das Linhas 11, 12 e 13 da CPTM. O projeto prevê a extensão de outro trecho da Linha 13 – Jade até Parque da Mooca e Bonsucesso e a construção de 11 novas estações, além das necessárias adequações nas estações existentes.

Em São Paulo, a comprovada experiência em infraestrutura ferroviária e metroviária da Telar faz com que a construtora deixe sua marca em várias estações e ramais de trens ou do metrô da cidade.

No processo de recuperação da infraestrutura ferroviária do Brasil, a participação da Telar poderá muito contribuir para que os investimentos resultem em obras de qualidade inquestionável.

Por Nelson Lourenço, jornalista